sábado, 26 de junho de 2010

Eu preciso dizer que te amo.

- "Alô, mãe?! Aqui, to com a panela de pressão no fogo, mas ela não tá dando pressão... Será que se eu desligar e abri-la vou desandar o feijão?"
- "Não, minha filha! Pode desligar, abrir e ajusatar a borracha. Provavelmente ela está fora do lugar. Tá bom? Ah, e pode ficar tranquila: não corre risco da panela "explodir", viu?"



Sim, sim! Eu ligo para minha mãe - que mora há centenas de quilômetros de mim - para perguntar esse tipo de coisa.E, só para variar, ela tem resposta pronta e alívio imediato para todas as minhas aflições. Dessas mais simples, até as mais complicadas como "mãe, meu trabalho me estressa, tenho um chefe que não é gente e, tem horas, que eu queria fugir desse lugar".

Meu pai, uma vez, me falou que eu devia "polpar" minha mãe de preocupações, que eu ligava para ela demais e para perguntar coisas que eu mesma tinha condições de resolver... Em alguma parte de mim eu até acho que ele tem razão. Mas não dá. Não consigo. Gosto desse cordão umblical invisível que me une à minha família. 


Gosto de saber que, apesar de estarem longe fisicamente, eles estão sempre perto de mim. Tenho uma irmã e um irmão também. Às vezes, chamo um dos dois no MSN só para falar abobrinha e perguntar-lhes quando virão para SP...



Mas, apesar de todo amor que tenho e que demostro por eles, tenho uma dificuldade muito grande de dizer que eu os amo. Tenho duas teorias para "justificar" isso. A primeira é que não digo por vergonha. Feio... Mas é verdade. A segunda teoria é de que não falo porque não cresci ouvindo isso dos meus pais. Eu cresci percebendo o amor deles no dia-a-dia, nas atitudes, no carinho, no cuidado... E isso, para mim, sempre foi suficiente. Tanto que nunca passou pela minha cabeça que meus pais não me amassem. Sempre fui - e sou - muito convicta disso.

Não acho que ama mais quem consegue verbalizar isso. Aliás, acho que falar "eu te amo" é até, em certos momentos, muito mais fácil do que demonstrar amor. Mas admito que exprimir essas tais três palavrinhas - quando elas estão recheadas de verdade - é música para os ouvidos.

Já faz um tempinho que tento me educar neste sentido: o de unir praticas amorosas à frase "eu te amo". É dificil, mas já venci uma barreira: agora, pelo menos, consigo escrever isso para os meus pais e irmãos. Não fico escrevendo toda hora, mas dei o primeiro passo. 

Não sei quanto tempo vou levar para conseguir falar naturalmente "mãe, eu te amo", "pai, eu te amo"... Mas quero continuar tentando.

Bjosss!

Pai, mãe, irmão e irmã: amo vcs!

p.s. Perdi meu avô há 15 dias. E vou levar comigo um buraco de todo tamanho por nunca ter dito em alto e bom som para ele o quanto eu o amava.

2 comentários:

  1. Que post lindo, Raquel! Pelo conteúdo e pelas fotos!

    Também não acho que o fato de dizer eu te amo significa que uma pessoa ame mais, mas faz bem tanto pra quem fala quanto pra quem ouve. Exercite, como está fazendo, e você chega mesmo lá!!!

    Bjs

    Lu (que te ama, viu, amiga!... rs)

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  2. Amiga, você me fez chorar.... Mas, não foi um choro de tristeza. Me emocionei pela alegria de saber que ainda existem pessoas tão boas e sentimentais como você. E eu, tenho a SORTE de te conhecer. Quanto aos "Eu te Amo" pode ter certeza que sua família a entende e não fica com esse vazio aí não. Tem gente lá no céu que sabe exatamente a ótima neta (amorosa e carinhosa) que você é. Um beijo e eu te amo amiga!!!!!!!!

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